No quadro Cores de Feira conversamos com o chefe da divisão de promoção dos direitos das minorias da Secretaria Municipal de Políticas para a Mulher de Feira de Santana (BA), Fábio Ribeiro. Militante pela causa LGBTQIAPN+ há pelo menos 22 anos, durante a entrevista destaca momentos importantes da sua carreira e os desafios enfrentados por grupos da militância.
“Eu comecei em 2002 com 17 anos. Estava saindo do ensino médio e eu vi uma palestra na escola sobre ativismo, realizada pelo grupo que atuava naquela época, o GLICH e como eu tinha alguns conflitos relacionados à minha sexualidade comecei a frequentar o grupo e me descobri ativista”, destaca Ribeiro sobre seu início na militância como voluntário no GLICH (Grupo Liberdade Igualdade e Cidadania Homossexual).
Segundo o entrevistado, o grupo atuava em prol da comunidade, por meio de atividades de prevenção ao HIV, distribuição de preservativos, palestras e rodas de conversas. O GLICH funcionou até 2017 e acabou devido a dificuldades enfrentadas por sua diretoria. Anos após o encerramento do grupo, o GRUD (Grupo Respeito e União pela Diversidade) surgiu para reorganizar o movimento LGBTQIAPN+ em Feira de Santana.
Ribeiro elenca duas grandes dificuldades para os grupos voltados à comunidade. “O principal desafio que nós temos é a diversidade de identidades LGBTs que são formas diferentes de fazer militância, e também principalmente a questão financeira. Para o grupo funcionar, precisa de verba para fazer as atividades, e não há interesse da maioria, nem do governo e nem das empresas privadas de financiar grupos LGBTs, porque ainda tem um peso muito grande do preconceito da discriminação”, enfatizou.
Durante a entrevista, Ribeiro também descreve a complexidade de organizar a Parada LGBT de Feira de Santana, que não ocorre desde 2017. Ele menciona que o evento era considerado o segundo maior evento da cidade, fazendo parte do calendário oficial.
“A organização da parada precisa de uma grande estrutura com uma equipe grande. É uma micareta. Então, a gente precisa do mesmo aparato: a polícia, a organização do solo, o bombeiro, trio elétrico e que a gente não consegue fazer isso sem que haja um interesse tanto do setor público e do privado para arcar”, explica o militante, que também ressalta o fim da Parada do Orgulho devido a desarticulação do GLICH, mas que existe o desejo de retorno do evento.
“Com a desarticulação do GLICH, a gente perdeu essa equipe grande para organizar a parada. Eu também, quanto militante dentro da prefeitura, não me sentia à vontade em estar à frente, porque a parada era um movimento social. Então, fica meio controverso, nós fazermos a parada na prefeitura sem que haja um movimento social à frente”, descreve Ribeiro.
Para conhecer mais sobre a história de um dos maiores militantes da comunidade LGBTQIAPN+ de Feira de Santana confira o quadro Cores de Feira no nosso canal no Youtube.
Por: Marcus Matos